"Velas"
A iluminação de toda a vila, principalmente a do monte do padroeiro, é um ritual praticado com bastante frequência ao longo dos tempos.
Para além de ser um dos maiores enfeites de toda a festa, é também um dos melhores meios de atracção à população, convidando-as a irem à romaria e nela participarem.
Segundo um artigo do livro do centenário da Festa Grande do Concelho: “Muita luz, ornamentações cuidadas, iluminação no monte de autêntico encantamento.”
Diz-se ainda, nesta publicação, que ao cair da noite, começam a acender-se as iluminações e os milhares de tigelinhas que irão iluminar o centro da vila e todo o monte do Senhor dos Aflitos.
Algures, preparam-se já as tigelinhas que irão iluminar o Monte no domingo e recordar que à meia noite a iluminação se apaga para resplandecerem todas aquelas luzinhas cintilantes como se fossem a alma e pela alma de todos os lousadenses que uma vez mais vêem este sentimento colectivo de ser Lousada rejuvenescer.
Publicado no Jornal TVS de 25 de Julho de 2000.
Autor: Dr. Mário Fonseca
Tal como sabemos, o costume, e ainda o é, era que a festa se prolongasse até de madrugada. Nesta altura, devido à falta de transporte, as pessoas deslocavam-se à festa a pé e regressavam, da mesma forma, noite dentro às suas casas, uma vez que não havia transportes públicos a altas horas da madrugada.
Por tudo isto, e porque o vinho verde “caía” bem, era impossível chegar a casa com o corpo estonteante e mais volta menos volta, os forasteiros caíam no chão, num completo “sono profundo” no jardim do Senhor dos Aflitos.
Os foliões rodeavam o forasteiro de tigelinhas acesas e deleitavam-se com a imagem da incandescente paz proveniente da calma e serenidade do embriagado.
Este, ao acordar e ver tantas luzinhas à volta, era atingido por uma perspectiva mística, de serenidade e eternidade, no meio de eminentes palavrões, de que o nosso vocabulário é abastado.